Primeiros sinais de falha do nosso “Modus Operandi” – SOGI
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Primeiros sinais de falha do nosso “Modus Operandi”

Modus operandi (é uma expressão em latim que significa “modo de operação”. É utilizada para designar um modo de agir, operar ou executar uma atividade, geralmente seguindo um conjunto de procedimentos sempre semelhantes, tratando-os com se fossem códigos.

Em administração de empresas, modus operandi designa a maneira de realizar determinada tarefa de acordo com um padrão pré-estabelecido, o qual dita a forma esperada de se proceder em processos, rotinas etc.

Empresas de ontem e de Hoje

A história da Administração surgiu no ano 5 mil a.C., na Suméria, quando seus habitantes buscavam modos de melhorar a resolução de seus problemas práticos — daí surgiu a arte e o exercício de administrar.

Já o modelo administrativo da estrutura organizacional como conhecemos surgiu com a Teoria Clássica da Administração, em 1916, na Europa, criada por Henri Fayol. Tal teoria se caracterizava pela busca da máxima eficiência e pela visão do homem econômico, e surgiu devido às necessidades oriundas da Revolução Industrial. De acordo com o chamado Fayolismo, as funções básicas do administrador eram planejar, organizar, coordenar, comandar e controlar.

Muitos princípios da administração, embora muito antigos, prevalecem até hoje, já que carregam conceitos cuja contribuição é inquestionável. No entanto, a tecnologia tem incitado novas necessidades, fazendo com que tais modelos careçam de complementação/adaptação para que se adequem à realidade atual.

O mundo da transformação e da inovação

O mundo digital possibilitou o surgimento de empresas bem diferentes daqueles modelos clássicos que já conhecemos. Modelos de negócio inéditos têm surgido a todos instante, agitando completamente as regras do mercado. Basta pensar nos modelos antigos (hotéis, táxis, magazines) e em seus “primos” modernos (AirBnb, Uber, Amazon).

E o que todos esses novos negócios têm em comum? Simples: uma gestão descentralizada. A Era Digital, na qual todos vivemos hiperconectados, não comporta mais aquele antigo modelo linear industrial, onde a hierarquia tinha muito peso e era seguida uma gestão vertical.

O susto com o Covid-19

A chegada do vírus Covid-19 — que fez surgir uma pandemia mundial e obrigou as pessoas a se fecharem em suas casas — deu um susto em muitas empresas, principalmente naquelas que ainda estavam acostumadas ao velho modelo de gestão.

A questão é que é um modelo centralizado, ou seja, com decisões centradas na mão de poucos, já não funciona tão bem mais. Descobriu-se que no que diz respeito ao trabalho remoto — que se mostrou obrigatoriamente necessário neste momento de crise — é um modelo completamente defasado, que prejudica a fluidez necessária em todos os processos de produção. Isso só mostra que nosso modus operandi corporativo já vem caducando e que há tempos o mercado vem apontando para novas direções.

E mesmo depois desta crise do Covid-19, é bobagem recuar. A empresa que não se adequar simplesmente perderá espaço e competitividade.

Metodologias ágeis

Um modo de se adequar a esse novo formato administrativo sem maiores impactos é adotando o modelo de Metodologias ágeis. As Metodologias ágeis são conjuntos de práticas que proporcionam uma forma de gerenciar projetos muito mais adaptável às mudanças.

É um modelo resiliente, cujos processos são estruturados em ciclos curtos, de modo que a cada novo ciclo é entregue um conjunto de funcionalidades pré-determinado.

As Metodologias ágeis são tão importantes que foram estruturadas em padrões descritos num manifesto — o Manifesto Ágil —, uma declaração de valores e princípios essenciais para o desenvolvimento de softwares. Ele foi publicado em 2001, em Utah, nos Estados Unidos, e é obra de 17 desenvolvedores que compartilhavam ideais comuns sobre a fluidez do desenvolvimento de programas de computador.

Valores imprescindíveis às organizações

Embora o Manifesto Ágil seja fundamentado no desenvolvimento de softwares, seus quatro valores podem ser adaptados a outra setores. Veja só:

  • Processos e ferramentas são importantes, mas a interação e comunicação entre indivíduos é mais importante ainda;
  • Clientes querem um produto que funcione, portanto a documentação só é importante se agregar real valor ao processo;
  • A colaboração com o cliente vai muito além da negociação de contratos, pois é essencial que as decisões sejam tomadas em conjunto;
  • Responder às mudanças é mais eficaz do que seguir um plano engessado;

Notamos que são princípios muito adequados ao exercício do trabalho remoto, no qual a colaboração entre colegas é essencial e as ordens são menos centralizadas. Há mais espaço para mudanças e o foco é no resultado.

Repense seu modelo Modus Operandi

E não pensa que essa mudança de paradigma vai “estragar” sua empresa. Pelo contrário! Gestores têm comprovado inúmeras vantagens ao adotar um modelo de trabalho não-linear:

  • As equipes são autogerenciáveis; é um modelo que acaba criando colaboradores mais proativos e criativos.
  • Sem a “pressão do chefe”, a equipe costuma demonstrar mais produtividade e eficiência.
  • As equipes se tornam mais engajadas e motivadas, e com isso há redução de falhas nos processos.

É a Era da Confiança, na qual cada pessoa é seu próprio chefe. Mas atenção: isso não significa relaxar nas responsabilidades ou mesmo ignorar a presença do gestor. O gestor continuará ali, porém funcionando como um mentor, como um núcleo de informações, e ao mesmo tempo sendo um colaborador ativo.

É infeliz que tenhamos precisado de uma emergência na saúde em escala mundial para alertar sobre nossos modelos de trabalho. Mas a mudança é real e já está acontecendo.

Repense seu modus operandi — vai ser essencial para a sobrevivência da sua empresa.

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